Uma das premissas básicas de qualquer movimento social relevante é a quantidade de pessoas impactadas e engajadas neste movimento.
Todas as revoluções políticas ou culturais podem atingir diversos resultados, que de forma simples gostaria de listar.
As passageiras foram aquelas cuja proposta parecia genuína, porém, após o caos necessário, mostrou-se pior que o que havia antes.
Há as que atingem parcialmente sua meta revolucionária, alcançando apenas parte das mudanças propostas. Perde-se a revolução mas ganha-se mudanças. É o famoso "um passo de cada vez".
Por fim, há revoluções que alcançam o resultado esperado e se fazem perenes as novas propostas. São raras, porém, quando ocorrem, todos se perguntam após alguns anos o porquê de não terem feito isso antes.
Enfim, uma coisa é fato: toda revolução, para ter engajamento de um povo, precisa começar na base, precisa atingir a massa, precisa fazer sentido, precisa propor mudanças que ofereça melhor vida para todos, principalmente os oprimidos. Isso se aplica a qualquer contexto.
E como eu atinjo a base? Com muito, muito, muito diálogo. Com ideias concisas, lineares e coerentes.
Por que caralh*s você está falando tudo isso, mesmo de forma tão resumida, e o que isso tem a ver com o título do texto??
A questão é que estamos assistindo, provavelmente pela milésima vez na história humana, o sequestro das pautas e bandeiras dos minorizados (ex: mulheres, LGBTQI+, pretos, etc). Sequestrados pelos indivíduos que em algum momento conquistaram relevância com seus textos, discursos, postagens e afins. Estamos assistindo a construção de avatares que, na posse da relevância que seu público lhe deu, usam dos temas, que são legítimos, como ARMAS pessoais ou como PRODUTO.
"Nossa, Tio Patux, como assim? Eles estão trabalhando em prol da causa, merecem ganhar dinheiro com o que fazem!!"
Minha resposta é: TEU C*!!!
A recompensa financeira (através de merchandising/adsense/publicidade comercial) promovida pelo engajamento em pautas sociais é exatamente tudo que o sistema capitalista deseja.
O influencer que LUCRA com a militância que o cerca é exatamente igual uma rede de lojas que, DO NADA, começa a fazer publicidade para o público LGBTQI+ (a título de exemplo). Eles usam da pauta e faturam como pink money. Isso acontece com todas as pautas, da antimachista à antirracista, além de outas várias.
A questão é que esse sequestro individual de algo que era para ser coletivo é o oposto daquilo que quero como projeto de sociedade.
O foco no indivíduo, ao invés do foco nas ideias e no bem coletivo, é a premissa básica de um sistema que criou e agrava todas as mazelas sociais. Fome, miséria, desenvolvimento científico direcionado ao interesse do capital, entre outras tantos fracassos da humanidade. Todos estes males já podiam ter acabado, não fosse o sistema vigente.
Usar das pautas de luta social por um mundo justo como produto é a deturpação e invalidação da luta. Ou melhor, a luta em si nunca será inválida, já os influencers que lucram em cima da militância com seus perfis em redes sociais, esses sim, são laranja podre.
Se a luta por um mundo justo fosse uma árvore, os influencers militudos são o pior tipo de cupim!