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Mostrando postagens de maio, 2022

Quebrado

Choro preso na garganta. Não, não sei o motivo, nem quero chorar, mas o choro está aqui, represado.  Há uma dor, uma dor perene, uma enxaqueca emocional. Cada vez que o coração bate, cada volta que o sangue dá, dói. Não, não sei o motivo, não há prazer nessa dor, não é uma dor amiga.  Há uma desesperança, uma apatia profunda, o mundo é colorido ao meu redor, mas só o vejo cinza e às cinzas.  Não, não sei o motivo, não quero morrer, mas viver está doendo.  Eu ando, mas não caminho. Eu salto, mas não saio do chão. Eu decolo, mas não voo. Eu mergulho, mas não me molho.  Não, não sei o motivo, mas abrir os olhos não é confortável e respirar é um desafio.  Pessoas falando coisas inaudíveis, músicas tocam desafinadas, na TV as imagens estão borradas, bem-te-vis gralham e cigarras uivam. Não, não sei o motivo, nem sei se há e isso é agoniante.  Olho para o horizonte e nada vejo, olho ao redor e vejo nada. Há apenas o não existir, um vasto e inextinguível vazio. Não...  Não sei o motivo...