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After Life, porém vivo.

Olá! Eu sou o Patux e hoje é dia 24 do mês de junho do ano de  2020 da era comum.

O mundo está imerso em diversos problemas. De repente veio uma pandemia, a Covid19, o histórico "coronga vairus". É, brasileiro faz isso, piada com tudo.
Temos também uma ótima piada na presidência do país nesse momento.
Outra piada de péssimo gosto que temos, há alguns séculos, é o racismo, o machismo e, se não bastasse, a homofobia. Todos matando inúmeros seres humanos por eles, simplesmente, serem quem são.
Contudo, todavia, entretanto, mazelas demais nunca bastam. O ser humano, a humanidade, é perita em criar mais e mais. Impossível listar todas.

É neste 2020 que encontrei uma série, disponível num serviço de streaming de vídeos (séries, filmes, documentários, etc) chamada Netflix, chamada "After Life".

Não, não terminei de assistir todos os episódios ainda. Talvez eu nem termine. Sou particularmente muito bom em não terminar certo as coisas que começo. Assistir séries é só uma delas.

Acontece que, neste momento, terminei o quinto episódio da primeira temporada desta série. Talvez você nunca chegue a assistir, então, em resumo, lá vai.
A série tem como sua sinopse a seguinte: 
After Life se desenvolve em torno de Tony, cuja vida é virada de cabeça para baixo depois que sua esposa morre de câncer de mama. Ele contempla o suicídio, mas decide viver o suficiente para punir o mundo pela morte de sua esposa, dizendo e fazendo o que der na telha. Embora ele pense nisso como seu "superpoder", seu plano é prejudicado quando todos ao seu redor tentam torná-lo uma pessoa melhor. (Wikipedia, 2020)
Este texto não é sobre a série, é sobre o que aconteceu comigo enquanto eu via a série.

Eu não "perdi" minha esposa pra morte. Perdi um filho, mas curiosamente esta não é a questão hoje.
A questão é que eu nunca me enxerguei com uma afinidade tão intensa e profunda com um personagem, em qualquer mídia disponível pela humanidade em 2020, como foi com Tony.
Tony se apresenta como um homem totalmente desiludido com a graça da vida. A partida de sua esposa é uma dor que ele não consegue lidar e decide, sabe-se lá por qual cognição, que ele vai despejar no mundo sua dor, sua ironia, seu sarcasmo.

Vou traduzir em bom português (idioma utilizado no Brasil, em 2020, caso esteja vivendo numa realidade onde isso não faça sentido... já adiando: pra mim, em 2020, já não faz!): ele decidiu tocar o fodas, desde que haja um salário no fim do mês para se manter e manter a ração de sua cadela (única coisa que, aparentemente, restou de importante após o falecimento de Luci).

Agora voltamos a mim, em 2020, enquanto escrevo isso aqui.

Curiosamente, chorando absurdos e ao fim do quinto episódio, vi que Tony viveu situações que o fizeram se dar conta de que ele não está tão disposto de abrir mão da vida, da felicidade, de tudo que tem alguma importância pra ele. Contudo, ainda sim, ele continua irônico, sarcástico e, algumas vezes (várias, na verdade), bastante inconveniente. Frio.

Eu repito: não "perdi" minha esposa após 25 de casado, como ele. Contudo, porém, todavia, entretanto, por alguma razão, me vejo totalmente identificado com ele.

Fazem alguns anos (eu diria todos os que vivi, mas digo "alguns anos" só porque não sei quando isso começou) que eu simplesmente abri mão de "ser feliz". Diferente de Tony, porém, eu não culpo o mundo por isso. Eu não culpo a humanidade por isso. Poderia? Sim, seria um caminho simples, mas por alguma razão (eu sei quais, mas isso daria um livro e isso é apenas um texto num blog, logo...), eu prefiro apenas aceitar a natureza humana que me trouxe até aqui, aprender com tudo que posso, incluindo meus vastos e incontáveis erros, me tornar um ser humano melhor e, importante, permanecer vivo.

Se você leu isso até aqui, provavelmente, tem algum apreço por mim ou por quem indicou este texto pra você. Diante desta breve conclusão (até agora quase inexplicável para mim) quero compartilhar algumas coisas que as lágrimas derramadas, ao fim deste quinto episódio da série, me fizeram escrever este texto.

Quero começar com uma informação que, talvez, ninguém te lembre diariamente, mas você deveria saber: você é importante, sendo quem você é e se tornando amanhã alguém melhor do que foi hoje. Somos seres humanos e temos uma incrível capacidade de mudar, adaptar e, curiosamente, evoluir. Com você, ser humano que está lendo isso aqui, não é diferente.

Outra informação que preciso compartilhar. Você é o resultado duma equação que possui como variáveis os seguinte itens: 1. genética herdada; 2. tudo que você viveu e absorveu através dos sentidos que seu organismo dispõe; 3. todas as oportunidade que o ambiente onde você vive te deram. Curiosamente, acredite, as três variáveis estão 100% fora do seu controle. 

Spoiler (!): quem você é possui, provavelmente, 0.01% de "vontade" sua. 
Sim, ser humano, sua "vontade" é quase nada diante de tudo que você é.

Agora some os dois parágrafos anteriores.

Eu tenho uma pergunta sem resposta. Tenho muitas, mas uma me inquieta todas as manhãs, tardes, noite e madrugadas: por que continuar vivo?

Não sei. Tony também não sabia, mas sabia que devia seguir adiante. Eu, tal qual ele, sigo.

Uma coisa eu sei: recebo muito, muito, muito mais amor e afeto do que me sinto digno de receber.
Olhando para a humanidade, sou um privilegiado,  sem a menor sombra de dúvida.

Ao meu redor eu vejo inúmeras, incontáveis, pessoas recebendo muito menos afeto do que uma vida digna deveria dá-las. O mundo e a vida são qualquer coisa, menos (MENOS MESMO) justos.

Comigo, por exemplo, ela é injusta: se eu considerar todos os meus erros, todas as vezes que deixei de me importar, todas as vezes que pisei na bola, eu (definitivamente) estou com um débito imensurável com a vida, com a humanidade e com o mundo.

Foco... estou devaneando...

Tony, o da série, está sofrendo muito porque não encontrou um motivo para permanecer vivo, para permanecer um ser positivo na sociedade, contudo, por alguma razão, ele permanece vivo, permanece resiliente.

Eu sou Tony. Ou fui... ainda não sei.

Se você se vê no Tony, perdoe-se e siga adiante, buscando ser melhor. Repito: perdoe-se e progrida. Seja melhor amanhã do que foi hoje.

Eu poderia terminar este texto sendo bem menos clichê, mas como isso não é uma análise da série, mas apenas o meu "blog" ou coisa parecida, me darei o direito de ser clichê.

Mãe, pai, maninha, Caê, Belu, amigos, amigas e amigues: JAMAIS serei capaz de retribuir o afeto, o amor e a dedicação que vocês investiram em mim. Não importa o quanto eu tente, não serei capaz de retribuir da forma que vocês entendem e merecem. Contudo, do meu jeito, eu os amo.


Ei, você aí, ainda está lendo? Tenho um desafio pra você. Dê afeto. Não importa a quem, mas cuide de alguém, não importa se por um segundo ou cinquenta anos, dê afeto. Se importe. Tanto faz se você se acha capaz ou não disso, eu já te disse alguns parágrafos atrás: você é importante para alguém, não importa se você sabe o nome ou não, se você se sente amado por esta pessoa ou não, para alguém a sua existência é importante. Faça isso valer a pena.

Pra fechar, sem nenhum novo clichê, quero recomendar que, se você puder, assista pelo menos estes cinco primeiros episódios de After Life, escrita e produzida por Ricky Gervais. Se você não se entender melhor, ao menos irá me entender melhor.

Obrigado pelo seu tempo investido até estas últimas linhas. Tenha um bom dia!!

Com afeto,

Beto, o Patux.

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